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Perfil da mão de obra

Sexo e Faixa Etária

A mão-de-obra na construção civil é composta basicamente por trabalhadores do sexo masculino, que totalizam 92,54% do contingente empregado no setor. As mulheres compõem os 7,46% restantes. Embora o número de mulheres como força de trabalho da construção seja ainda muito pequeno, este percentual vem aumentando nos últimos anos e está sendo alocado principalmente nas funções administrativas e de maior qualificação. Proporcionalmente, as mulheres que trabalham na construção civil possuem nível de instrução bem mais elevado do que os homens empregados no setor.

A maior concentração dos trabalhadores está nas faixas etárias de 30 a 39 anos (30,21% do total) e de 40 a 49 anos (22,04%), perfazendo mais de 50% do estoque total empregado no setor. Este resultado é observado para a média nacional, mas se repete também para cada uma das cinco regiões geográficas isoladamente.

 

Tabela - Estoque de Trabalhadores, segundo a faixa etária e regiões geográficas - 2001

TRABALHADORES POR FAIXA ETÁRIA

TOTAL BRASIL

CENTRO OESTE

SUL

SUDESTE

NORDESTE

NORTE

10 a 14 anos

84

4

13

47

14

6

15 a 17 anos

3.357

251

1.137

1.665

217

87

18 a 24 anos

204.609

16.859

33.121

107.888

35.913

10.828

25 a 29 anos

192.778

16.496

28.831

99.248

37.295

10.908

30 a 39 anos

338.604

28.042

52.789

172.328

67.818

17.627

40 a 49 anos

247.070

19.053

39.755

129.863

46.473

11.926

50 a 64 anos

127.807

10.999

20.716

68.619

22.035

5.438

65 anos ou mais

6.380

558

931

3.827

831

223

Ignorado

193

14

39

87

32

21

Total

1.120.882

92.276

177.332

583.572

210.628

57.074

Fonte: RAIS 2001 (Preliminar) - MTE.

Elaboração: Banco de Dados da CBIC.

 

Estrutura da mão-de-obra

 

A estrutura da mão-de-obra na construção civil é composta basicamente por 16 grupos ocupacionais (classificadas segundo a CBO – 2001 – Classificação Brasileira de Ocupações), que absorvem quase 52% do contingente de trabalhadores no setor.

Dentre estes grupos, as ocupações não-qualificadas e semi-qualificadas são as que mais se destacam em termos de absorção da mão -de-obra. Os trabalhadores da construção civil e trabalhadores assemelhados não-classificados sob outras epígrafes correspondem a 23,94% do total; pedreiros e estucadores (11,64%); carpinteiros (4,68%); operadores de máquinas de construção civil e de equipamentos afins (2,53%) e mestres-de-obras (2,42%).

 

ESTRUTURA OCUPACIONAL DA MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL - BRASIL

N° DE TRABALHADORES

PART.

%

021 - engenheiros civis e arquitetos

15.113

1,38

023 - engenheiros eletricistas e engenheiros eletrônicos

1.906

0,17

033 - tec.de edif., agrimensura, estradas e saneamento e trab. assemel..

11.512

1,05

034 - tecnicos de eletric eletronica e telecomunicacoes

7.192

0,66

038 - desenhistas tecnicos

3.116

0,28

701 - mestres (empresa manufatureiras e de construcao civil)

26.745

2,44

951 - pedreiros e estucadores

130.503

11,92

952 - trabalhadores de concreto armado

21.308

1,95

953 - telhadores

359

0,03

954 – carpinteiros

52.547

4,80

955 - ladrilheiros parqueteiros e trabalhadores assemelhados

3.691

0,34

956 - instaladores de material isolante

1.456

0,13

957 - vidraceiros

136

0,01

959 - trab constr. civil trab. assem. nao classificados sob outro...

263.206

24,05

974 - operadores de maquinas de construcao civil e de equipam afins

26.825

2,45

979 - trab manip merc mat oper maq const civil trab. assem. nao cl...

2.049

0,19

Outras categorias

526.864

48,14

Total

1.094.528

100,00

Fonte: RAIS 2001 (Preliminar) - MTE.

Elaboração: Banco de Dados da CBIC.

 

Isto confirma uma outra importante característica da construção civil: esta é uma indústria que absorve um grande contingente de trabalhadores pouco qualificados. E, por isso mesmo, exerce um papel social de fundamental importância num país ainda em desenvolvimento como o Brasil, que possui uma massa crítica de trabalhadores economicamente ativos, mas com baixo nível de instrução, e que não seriam absorvidos no mercado de trabalho em tarefas mais especializadas e qualificadas.

 

 Nível de escolaridade

 

Os dados da RAIS 2001 confirmam que ainda é baixo o nível de escolaridade da mão-de-obra empregada na construção civil, embora se observe uma sensível melhora deste indicador nos últimos anos. Para o ano de 2001, tem-se que do estoque de trabalhadores cerca de 38% haviam cursado apenas o 4º ano do estudo primário, seja a 4ª série incompleta (16,87%) ou a 4ª série completa (20,91%). Mas este percentual era de 64,18% em 1988. E também o número de analfabetos no setor foi reduzido pela metade na última década, saindo de um percentual de 5,3% em 1988 para 2,44% em 2001.

Outro bom indicador de melhora relativa do setor no campo da educação é que também vem aumentando o número de trabalhadores nas faixas de escolaridade mais elevadas. Em 2001, para o total do Brasil, 18,99% da mão-de-obra empregada no setor tinham a 8ª série incompleta; outros 17,73% a 8ª série completa e 12,22% tinham o 2º grau completo. Estes percentuais em 2000 eram de 18,54%, 16,89% e 11,36%, respectivamente. Para todas as 5 regiões geográficas, o comportamento em relação ao grau de

instrução repete o desenho da estrutura de escolaridade observada em nível nacional. Vale destacar apenas que o Sul é a região onde prevalecem os melhores índices de escolaridade. A região apresenta o menor número de trabalhadores analfabetos (1,80%) e o maior percentual de trabalhadores cursando a 8ª série primária (46,54% - seja incompleta ou completa). No outro extremo, situa-se a região Nordeste, com a pior performance em termos de escolaridade da mão-deobra. O índice de analfabetismo na construção nordestina chega a 4,16% do total dos trabalhadores empregados na região e ainda 60,12% destes cursaram somente entre a 4ª série incompleta e a 8ª completa.

 

Remuneração média

 

A remuneração média observada para o setor em nível nacional também é baixa, acompanhando talvez o baixo nível de instrução e a pouca qualificação exigida para muitas das atividades desenvolvidas no âmbito da construção civil. Em 2001, cerca de 67% do estoque de trabalhadores empregados recebiam menos de 3 salários mínimos, dos quais 34,22% ganhavam até 2 salários mínimos. Apenas 3,61% dos trabalhadores da construção se enquadram na faixa acima de 10 salários mínimos de remuneração mensal.

Esta configuração salarial também se mantém para as regiões geográficas, com destaque para o Sudeste, onde a distribuição da remuneração média é um pouco melhor, e para o Nordeste, que apresenta a pior distribuição salarial do país. No Nordeste 80,99% dos trabalhadores da construção civil recebem até 3 salários mínimos, enquanto no Sudeste este percentual cai para 60,55%. É interessante notar que, comparando os dados da RAIS 2000 e 2001, houve uma sensível piora no nível de remuneração média do setor na média nacional e também para as regiões geográficas. Este fato pode estar associado à performance econômica do setor, que em 2001 teve crescimento negativo de 2,62%.

 

Rotatividade da mão-de-obra

 

Outra peculiaridade da mão-de-obra do setor da construção é a sua alta rotatividade. Os dados da RAIS indicam que, em 2001, 56,33% dos trabalhadores formalmente empregados no setor não chegaram a completar um ano de permanência no emprego. Sendo que para 36,63% destes trabalhadores o tempo de permanência foi menor do que 6 meses.

A classificação dos trabalhadores por faixa de tempo de emprego observada para o total do Brasil também se repete ao examinar os dados regionais, com destaque para as regiões Norte e Nordeste onde o percentual de empregados com tempo de permanência menor que 1 ano sobe para 62,47% e 60,22%, respectivamente. Uma justificativa para a elevada rotatividade da mão-de-obra é que o ciclo de produção do setor é fracionado em diferentes etapas, que exigem ocupações específicas para cada uma delas. Além disso, têm sido constantes as dificuldades financeiras enfrentadas pelas empresas de construção, inclusive na obtenção de recursos para o financiamento de novas obras e novos projetos de investimento. Este fato faz com que haja, via de regra, descontinuidade produtiva no setor, dificultando a manutenção dos trabalhadores empregados de forma ociosa, dado o hiato de tempo entre o término de uma obra e o início de outra.